Dr Marcelo Leão

Sonolência Excessiva

É

muito comum recebermos dúvidas de pessoas sobre a Sonolência Excessiva que sentem durante o dia. É comum acreditar que dormir 8h por dia é o suficiente para ter um sono restaurador.

É importante lembrar que a quantidade ideal de sono para um indivíduo é aquela que lhe permite alcançar um nível ideal de vitalidade e de bem estar físico e mental no dia seguinte.

A média de sono nos adultos é de 8 horas. No entanto, alguns adultos se contentam com 6 horas ou menos e não resulta em prejuízos para o dia seguinte.

A sonolência excessiva é a principal queixa de pacientes que visitam clínicas do sono. 

Pessoas com sonolência excessiva sentem sono e notam estarem lentas na maioria dos dias. Esses sintomas muitas vezes interferem no trabalho, na escola, nas atividades ou nos relacionamentos. 

Embora os pacientes com essa condição frequentemente se queixem de “fadiga”, a sonolência excessiva é diferente da fadiga, que é caracterizada por baixa energia e necessidade de descanso (não necessariamente sono).

Este distúrbio do sono leva a prejuízos no desempenho escolar, profissional, afetivo e social. Causa déficits cognitivos e aumenta muito o risco para acidentes.

A sonolência excessiva têm várias outras possíveis causas, as principais são:

A sonolência excessiva pode afetar seu cotidiano.
  1. Privação crônica de sono voluntária e involuntária
  2. Síndrome da apneia/ hipopneia obstrutiva do sono
  3. Síndrome das pernas inquietas/ movimentos periódicos dos membros
  4. Medicamentos
  5. Narcolepsia
  6. Distúrbios do ritmo circadiano
  7. Hipersonia idiopática

1. Privação Crônica de Sono (PCS)

Ocorre quando o indivíduo voluntária ou involuntariamente dorme menos horas do que necessita para se sentir restaurado no dia seguinte.

Nossa sociedade está cada vez mais acostumada aos serviços que funcionam 24 horas, o que exige um grande número de profissionais trabalhando dia e noite, ininterruptamente.

A luz elétrica trouxe para o nosso cotidiano o uso da televisão, trabalho noturno, estudos e compromissos sociais e, como consequência, menos horas de sono e sonolência no dia seguinte.

Vivemos em uma sociedade na qual o sono tem pouco valor. Muitas vezes, ele é encarado como uma perda de tempo, ou é objeto de um julgamento negativo.

A PCS involuntária pode ocorrer por causas não médicas: ruídos, luz, colchão inadequado, temperatura inadequada, parceiros roncadores ou que se movimentam muito, filhos pequenos, posicionamento inadequado, má higiene do sono e por causas médicas provocando insônia, ou fragmentação do sono: depressão, ansiedade, doenças dolorosas, doenças cardíacas, pernas inquietas, transtornos respiratórios do sono, efeitos colaterais de medicamentos, Parkinson, Mania, Alzheimer, etc.

2. Síndrome da Apneia Obstrutiva do Sono

É definida como episódios recorrentes de obstrução – parcial (hipopneias) ou total (apneias) – da passagem do ar pela garganta durante o sono, resultando em queda da oxigenação e má qualidade do sono.

A apneia afeta grande parcela dos indivíduos que roncam, sendo este um sinal de alarme para a presença desse distúrbio do sono.

O ronco, engasgo e/ou asfixia durante o sono é um dos sinais apresentados pela Apneia do Sono.

O diagnóstico da apneia do sono é confirmado e classificado quanto à intensidade e gravidade pelo exame do sono, a polissonografia.

Sinais e sintomas: sonolência diurna excessiva, roncos, engasgos e/ ou asfixia ou respiração difícil durante o sono, despertares noturnos recorrentes, sensação de sono não restaurador, fadiga diurna, dificuldade de concentração/ memória, cefaleias matinais, arritmias cardíacas e refluxo gastroesofágico.

3. Síndrome das Pernas Inquietas e movimentos periódicos dos membros

A Síndrome das Pernas Inquietas (SPI) é referida como uma sensação desagradável nas pernas, acompanhada de uma vontade irresistível de movimentá-las, que piora com o repouso e melhora com a movimentação.

Os pacientes que sofrem com a SPI, geralmente a descrevem como uma sensação desagradável.

É mais sentida na hora que o indivíduo se deita para dormir, provocando enorme dificuldade para o início do sono. O paciente pode voltar a sentir os sintomas quando acorda de madrugada para urinar, ou por outros motivos.

Tem a prevalência de 5% a 15% da população geral. O diagnóstico é essencialmente clínico.

Os Movimentos Periódicos de Membros (MPM) atinge a 5% das pessoas acima dos 30 anos e chega a 45% dos indivíduos acima dos 60 anos de idade.

Geralmente, a grande maioria dos pacientes com SPI (Síndrome das Pernas Inquietas) apresentam MPM (Movimentos Periódicos de Membros).

Os MPM provocam sonolência diurna por fragmentarem o sono e são diagnosticados pela polissonografia, o exame do sono.

São movimentos estereotipados dos membros com extensão do hálux (polegar do pé), flexão da perna sobre a coxa e dessa sobre o quadril.

Movimentos dos membros superiores podem acompanhar esses movimentos dos membros inferiores nos casos mais graves.

Os dois transtornos podem estar associados a condições como gestação, doenças renais ou neurológicas, anemia por carência de ferro, uso de medicamentos como antidepressivos tricíclicos, neurolépticos, entre outros.

4. Medicamentos contribuem para a sonolência excessiva

A sonolência excessiva pode ser uma consequência ao uso de drogas (maconha, álcool, etc.) e inúmeras medicações, como: tranquilizantes, hipnóticos, antialérgicos, anticonvulsivantes, antidepressivos, neurolépticos, etc.

5. Narcolepsia

É um distúrbio do sono que se caracteriza por:

Fatores genéticos estão envolvidos com o aparecimento da narcolepsia. A transmissão genética da narcolepsia em humanos não obedece às regras mendelianas, trata-se de uma herança complexa, multifatorial na qual fatores ambientais têm papel importante.

Narcolepsia não é preguiça, é um distúrbio do sono que o indivíduo sofre com sonolência excessiva durante o dia.

Embora a maioria dos casos seja esporádica e não familiar, o risco do parente de 1° grau de um paciente narcoléptico ter o mesmo distúrbio é 40 vezes maior que na população em geral.

Tem a prevalência de 0.02% a 0.18% na população em geral considerando E.U.A, Europa e Japão, com início geralmente entre os 18 e os 25 anos de idade. Evidências indicam estar associada a uma deficiência de orexina (hipocretina).

6. Distúrbios do Ritmo Circadiano

Circadiano provém do latim “cerca de um dia” (circa diem). Para facilitar a compreensão destes distúrbios imagine que o ritmo circadiano do nosso sono é o nosso “relógio biológico”.

Então, podemos dizer de uma forma mais simples, que os distúrbios do ritmo circadiano são alterações dos horários “normais” do sono de nosso relógio biológico que provocam sintomas de insônia, fadiga, cansaço, entre outros.

Existem vários distúrbios do ritmo circadiano, em que os principais são:

7. Hipersonia Primária (HP)

A principal característica da HP é a sonolência excessiva que dura o período mínimo de 1 mês, geralmente sequenciada por episódios prolongados de sono ou por episódios de sono diurno que ocorrem quase que diariamente.

Em indivíduos com HP, a duração do principal episódio de sono pode variar de 8 a 12 horas, sendo frequentemente seguido pela dificuldade em despertar pela manhã, mesmo quando a qualidade do sono noturno mantem-se normal.

Tratamento da Sonolência Excessiva

Como citamos anteriormente, são diversos fatores que podem causar a Sonolência Excessiva e, neste caso, o tratamento deve ser focado nas causas do problema.

Assim, deve-se procurar a ajuda de um médico especialista em distúrbios do sono para que faça o diagnóstico preciso e direcione o tratamento adequado para cada caso.

Se você está frequentemente cansado, trabalha de forma menos produtiva, comete erros, tem lapsos de julgamento ou de vigília, ou se sente incapaz de desfrutar ou participar plenamente das atividades da vida, não apenas “persista”.

Pode parecer normal sentir-se cansado há muito tempo, mas o sono insuficiente e a sonolência excessiva resultante podem ter efeitos drásticos de longo prazo em sua saúde.

Quando você passa o dia exausto, coloca em risco a si mesmo e aos outros, já que os acidentes com veículos motorizados e outros erros perigosos geralmente são causados ​​pela sonolência.

Se você não tem certeza se realmente sofre de sonolência excessiva, faça o teste aqui e descubra qual o nível de sua sonolência.

Você sofre com sonolência excessiva ou conhece alguém que tenha este distúrbio? Converse com o Dr. Marcelo Leão em seu Instagram @omedicodosono, aproveite para tirar dúvidas e acompanhar os conteúdos sobre medicina do sono.

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