Dr Marcelo Leão

Tudo sobre a Melatonina: o hormônio que regula o sono

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melatonina, também conhecida como o hormônio que regula o sono, é produzida naturalmente por uma glândula do nosso cérebro chamada pineal, que é responsável pela indução ao sono.

Normalmente nosso corpo produz quantidades suficientes desse hormônio. Porém, nos dias atuais é comum que esse processo seja inibido por alterações emocionais que aumentam o estado de alerta, como ansiedade, estresse, e preocupações excessivas.

Nesses casos, a glândula está em perfeitas condições, mas sua função é inibida por esses fatores, cujo tratamento deve ser priorizado.

Como este hormônio opera no organismo?

A exposição à luz estimula um caminho nervoso da retina no olho para uma área do cérebro chamada hipotálamo. Lá, um centro especial chamado núcleo supraquiasmático (NSQ) inicia sinais para outras partes do cérebro que controlam hormônios, temperatura corporal e outras funções que desempenham o papel em nos fazer sentir sonolento ou acordado.

A glândula pineal é a responsável pela produção de melatonina, hormônio que regula o sono.

Durante o dia, a glândula pineal está inativa. Quando o sol se põe e o dia torna-se noite, a pineal é ativada pelo NSQ e começa a produzir ativamente a melatonina, que é liberada no sangue. Geralmente, isso ocorre por volta das 21h. 

A exposição à luz ou à escuridão é um dos fatores-chave em como o sono humano é regulado.

Como resultado, os níveis de melatonina no sangue sobem acentuadamente e você começa a se sentir menos alerta. O sono se torna mais convidativo. 

Os níveis de melatonina no sangue permanecem elevados por cerca de 12 horas – durante toda a noite – e, antes do sol raiar, os níveis de melatonina começam a baixar, tornando-se dificilmente detectáveis durante a luz do dia.

Aparelhos eletrônicos interferem na produção de melatonina à noite

Assistir televisão, utilizar smartphones, tablets ou outros dispositivos eletrônicos antes de dormir atrasa o relógio interno do seu corpo (também conhecido como ritmo circadiano).

A luz artificial exposta por esses dispositivos suprime a liberação do hormônio indutor do sono, a melatonina, e dificulta que o indivíduo caia no sono. 

A luz artificial interfere na produção de melatonina à noite e dificulta que o indivíduo pegue no sono quando deita-se para dormir.

O Dr. Marcelo Leão adverte: “quanto mais dispositivos eletrônicos uma pessoa usa à noite, mais difícil será adormecer ou permanecer dormindo. Além de aumentar seu estado de alerta em um momento em que o indivíduo poderia estar com sono”.

Além de atrasar sua hora de dormir, utilizar esses dispositivos antes de dormir reduz a quantidade total de sono REM e compromete o estado de alerta na manhã seguinte. 

Com o tempo, esses efeitos podem resultar em uma deficiência crônica significativa no sono.

Esta alteração ocorre com crianças e adultos, por isso, é importante iniciar um toque de recolher digital para toda a família.

Por isso, estabeleça uma hora em que você e seus filhos irão desligar todos os dispositivos eletrônicos durante a noite. Tente definir o toque de recolher duas horas, uma hora ou até 30 minutos antes de dormir – quanto mais cedo, melhor.

A melatonina não é indicada para todos

Certos grupos de pessoas precisam ser cautelosos ao tomar a decisão de suplementar o hormônio, pois a melatonina pode ter um efeito no desenvolvimento de sistemas reprodutivos, cardiovasculares, imunológicos e metabólicos em adolescentes.

As mulheres que estão grávidas ou que tentam engravidar são aconselhadas a evitar a melatonina, porque não há estudos de longo prazo sobre seus efeitos nas mães e nos fetos em desenvolvimento.

Um auxílio natural para dormir também pode interagir negativamente com a medicação que você está tomando atualmente. Em estudos de laboratório, os suplementos de melatonina reduziram a eficácia dos antidepressivos desipramina e fluoxetina.

Pesquisadores descobriram que a melatonina pode reduzir a eficácia de certos medicamentos para pressão arterial.

É comum pessoas indicarem a melatonina às outras por ser algo “natural”, portanto, se você está pensando em iniciar o uso da melatonina para dormir melhor, consulte antes um médico especialista em sono.

Em qual caso posso fazer a suplementação de melatonina?

A suplementação deve ser feita apenas sob orientação médica.

Na maioria dos casos, principalmente entre os jovens, o uso por longos períodos é desaconselhado. O indicado é focar nas causas dos distúrbios de sono.

Não existem, até o momento, estudos que comprovem a segurança e eficácia dessa suplementação no longo prazo, bem como suas implicações sobre a produção do hormônio pela glândula pineal.

Segundo o Dr. Marcelo Leão, a melatonina não é indicada em casos de insônia, pois, muitas vezes, o motivo do distúrbio pode ser descoberto em uma avaliação e, ao tratar, evitamos o uso desnecessário da melatonina ou outro medicamento.

Antes de tomar alguma decisão sobre o tratamento com a melatonina, converse com um especialista em medicina do sono. Ele poderá indicar ou contra-indicar, além de recomendar a dose e o período ideal de uso.

Caso tenha dúvidas sobre o hormônio ou a qualidade do seu sono à noite, converse com o Dr. Marcelo Leão em seu Instagram @omedicodosono, aproveite para enviar suas perguntas e acompanhar os conteúdos sobre medicina do sono.

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