comum pessoas lidarem com o ronco fazendo piada. Afinal, muitas pessoas sofrem com o distúrbio, onde quase metade dos homens de meia idade roncam e até um quarto das mulheres também.
Piadas à parte, o ronco tem dois pontos importantes a serem levados em questão.
O primeiro ponto é a saúde. Roncos podem apontar problemas de saúde, pois estão atrelados à apneia do sono e aparece quando a língua “desce” em direção à garganta, a boca abre para respirar e gera as vibrações – que incomoda a todos ao redor, menos o roncador que, claro, está dormindo.
Geralmente, o ronco leve não possui associação com a apneia, mas quando os roncos são graves é importante procurar um médico do sono.
Roncar é um fator de risco, bem mais alto do que se pode imaginar.
Refiro-me para os casamentos. Segundo especialistas, o ronco fica em terceiro lugar como as causas de divórcios, depois de infidelidade e problemas financeiros.
Você deve estar se perguntando “uau, como assim?” – vamos explicar!
A pesquisadora Rosalind Cartwright, do Centro Médico Rush, em Chicago, uma das poucas pesquisadoras do mundo a estudar a relação entre casamentos e apneia do sono.
O estudo ocorreu em seu centro de pesquisa, onde até criou um quarto de casal, em que é possível fazer um estudo polissonográfico dos dois membros do casal, simulando exatamente a situação que eles vivem em seu cotidiano.
Em um dos casais estudados, o exame de polissonografia revelou que a esposa que dormia com o marido que ronca, teve o desempenho do seu sono em apenas 73%.
Isso quer dizer que, de 8 horas que ela passava na cama, dormia menos de 6 horas porque seu sono era interrompido mais de trinta vezes pelos roncos.
Este estudo foi capaz de salvar um casamento!
Foi direcionado um tratamento com uma máquina de Pressão Positiva Contínua nas Vias Aéreas (CPAP na sigla em inglês).
Ao final do estudo, a esposa completou um quiz sobre satisfação no casamento em que, antes do tratamento, sua pontuação era 1,6 e, duas semanas após o uso do CPAP, o resultado subiu para 7.
Nestes casos, mudar de quarto resolve o problema?
Dormir em quartos separados pode resolver o problema durante algumas noites, mas pode ser o primeiro passo para o fim de um casamento.
Sem perceber, o casal reduz a intimidade e a atividade sexual que antes acontecia mais casualmente, dividindo uma mesma cama.
Geralmente, a esposa se sente culpada e o marido pode ter sua autoestima abalada.
Pode começar a surgir questionamentos sobre a intensidade do amor e insegurança mútua.
Por outro lado, as esposas que tentam, insistentemente, conseguir dormir com o marido na mesma cama podem sofrer as consequências das noites de sono mal dormidas como o estresse, ansiedade e até depressão, que podem ser devastadoras para o relacionamento.
“Recebo diariamente casais à beira do divórcio. Na maioria das vezes, as esposas são as vítimas do ronco. O marido roncador, apesar de poder estar sofrendo de apneia do sono, geralmente diz que dorme bem a noite inteira e que não ronca tanto” – explica o Dr. Marcelo Leão, especialista em Medicina do Sono pela Associação Brasileira do Sono.
Atualmente, existem várias opções de tratamento para o ronco e, após uma boa avaliação médica, o ronco pode ser solucionado em praticamente 100% dos casos com a escolha do tratamento ideal.
“É uma pena ser ainda tão comum que as pessoas busquem ajuda médica apenas após o divórcio, quando já estão preocupados em preservar os futuros relacionamentos que virão”, afirma Dr. Marcelo.
Então, se você divide a cama com uma pessoa que ronca, não espere isso desgastar seu relacionamento, levando-o ao divórcio.
Procure um especialista em medicina do sono, é possível tratar o ronco e, assim, suas noites serão bem dormidas.