Como o trabalho noturno afeta sua saúde

Vivemos em uma sociedade cada vez mais globalizada e alerta 24 horas por dia, isso exige que algumas pessoas trabalhem à noite, que tenham uma jornada de trabalho prolongada ou que alternem entre turnos diurnos e noturnos.
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stima-se que 7% a 15% da força de trabalho em países industrializados esteja envolvida com o trabalho noturno.

Aproximadamente um terço destes profissionais têm sonolência problemática e/ou dificuldade para dormir. 

É comum ver pessoas que fazem plantão com uma longa jornada de trabalho, porém, essas extensas horas de trabalho podem afetar quanto tempo os trabalhadores têm para dormir.

Esta jornada de trabalho coloca muitos profissionais em risco de adquirir o sono com qualidade suficiente para que o indivíduo funcione adequadamente durante o dia, especialmente àquelas pessoas que ocupam cargos de alta responsabilidade ou periculosidade. 

Imagens aéreas do maior derramamento de óleo da história, cujos 40 milhões de litros de óleo foram acidentalmente despejados no Golfo do Alasca, em 1989.

A sonolência sentida pelos profissionais que trabalham à noite pode ser muito perigosa – por exemplo, os derramamentos de óleo de Three Mile Island (EUA, 1979) e Exxon Valdez (EUA, 1989) que foram causados, em parte, por erros cometidos por trabalhadores excessivamente sonolentos.

Pessoas que exercem trabalhos noturnos também podem ter a qualidade e o tempo de vida afetados, tornando-se mais propensos a doenças cardiovasculares, distúrbios digestivos, diabetes, etc. 

Além disso, o trabalho noturno tem efeitos adversos na produtividade do trabalhador, a jornada de trabalho com horários alternados e longos afetam o desempenho, a produtividade e a saúde física e mental do indivíduo.

O relógio biológico vai ao contrário dos relógios do tempo de trabalho

O corpo humano conta com mecanismos inteligentes para garantir que tenhamos um sono de qualidade e restaurador, incluindo um meio bioquímico capaz de rastrear quanto tempo dormimos ou que passamos acordados.

Quando uma dívida de sono restaurador se acumula, esse registro bioquímico provoca sonolência excessiva e a vontade de dormir.

A melatonina produzida pelo organismo humano regula o ritmo circadiano e nos deixa mais propensos a nos mantermos acordados durante o dia, consequentemente, a maioria das pessoas produzem maior quantidade durante o dia.

“Além destas, existem outras consequências como a insônia, – complementa o Dr. Marcelo Leão – pois o organismo não foi adaptado para dormir de dia e, quando o indivíduo está acostumado a dormir em horários irregulares, é comum que sinta dificuldade de pegar no sono ou mantê-lo”, afirma o Dr. Marcelo, especialista em medicina do sono.

Embora os cochilos ajudem a compensar a perda do sono, eles não pagam adequadamente a dívida do sono e, em alguns casos, não são longos o suficiente para as pessoas colherem os benefícios dos estágios mais profundos do sono.

Um terço dos trabalhadores em turnos declaram que dormem menos de seis horas por noite em dias de trabalho, e 30% relatam que só dormem uma boa noite algumas vezes por mês ou menos.

A sonolência e o risco de acidentes durante o trabalho noturno

Estudos mostram que sonolência e fadiga estão associadas à diminuição da atenção.

O tempo de reação, memória, coordenação psicomotora, processamento de informações e tomada de decisões – todos necessários para realizar com segurança e eficácia uma variedade de tarefas.

Alguns estudos concluem que o grau de comprometimento dos trabalhadores noturnos no ponto baixo do ritmo circadiano pode facilmente atingir níveis equivalentes àquele de estar alcoolizado.

Consequentemente, os indivíduos que trabalham à noite ou por turnos são mais propensos a acidentes de trânsito.

O trabalho em turnos também torna os trabalhadores mais propensos a acidentes de trabalho, estudos apresentam uma taxa aumentada de acidentes ligada ao uso de instrumentos e itens afiados por pessoal médico, bem como erros de medicação e diagnóstico e aumento da morte do paciente.

Em ambientes industriais, o risco de acidentes e lesões aumenta em mais de 30% nos turnos noturnos e alternados.

Privação do sono e a saúde

A privação de sono pode desenvolver certas doenças, incluindo câncer, doenças cardiovasculares, diabetes, obesidade e distúrbios gastrointestinais.

Vários fatores podem contribuir para esses riscos aumentados, incluindo a luz artificial ou a falta de sono, inibindo a subida ou descida normal de vários hormônios durante as horas escuras da noite.

Produzimos mais hormônio melatonina durante a noite e quando estamos expostos à luz artificial, essa produção do hormônio é inibida.

A melatonina tem demonstrado uma série de efeitos positivos no corpo, incluindo a redução da pressão arterial e a diminuição da coagulação do sangue, o que pode ajudar a prevenir ataques cardíacos e derrames.

A melatonina também limita a produção do corpo de estrogênio e outros hormônios conhecidos para o câncer de mama, próstata e endométrio.

Salientamos que esses riscos mais graves são a longo prazo, porém, é importante que atente-se para estas consequências.

O indivíduo que trabalha à noite ou tem a jornada de trabalho fracionada em turnos é afetado negativamente em sua produtividade, o desempenho, saúde e a qualidade de vida.

Você se identificou com algum destes tópicos abordados? É importante que busque por um especialista em medicina do sono, assim, será direcionado tratamento mais adequado.

O especialista poderá recomendar um Diário do Sono a ser preenchido pelo paciente ao longo de 1 a 2 semanas, em que serão registrados horários em que levanta-se, deita-se, cochila, toma café, faz exercícios, etc.

Caso tenha dúvidas sobre como proceder nesta situação, siga o Dr. Marcelo Leão em seu Instagram @omedicodosono e envie uma mensagem com sua dúvida, é importante a opinião de um profissional sobre sua situação atual.

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